domingo, 25 de outubro de 2009

Jornalismo- Momentos marcantes



in "Postal do Algarve"


Fevereiro de 2008






“Lápis” de Paulo Serra no Palácio da Galeria


Paulo Serra mostra a vergonha que não é falada









“Lápis” intitula-se a exposição de Paulo Serra inaugurada no passado sábado no Palácio da Galeria. Desenhos de figuras humanas, paisagens urbanas e algumas colagens podem ser vistas nesta exposição individual.
Desde 2002 dedica-se sobretudo ao desenho porque “é um material com diversas possibilidades e acrescenta muito mais ao meu trabalho do que a cor. Torna-o mais lúcido”, afirma Paulo Serra ao Postal do Algarve, “O meu desenho é uma investigação. Onde é que estou? Como é que sou? É uma provocação a mim próprio e ao mesmo tempo é uma verdade que acrescento a mim”. Trabalha diariamente, compulsivamente. “Há momentos em que me afasto e só volto ao trabalho quando me sinto intimamente preparado para retomar essa provocação”, afirma.
Sedento por ver trabalhos de outros artistas, trocar ideias e experiências gosta de História de Arte. “Com Van Gogh aprendi a percorrer o caminho que é só meu.” Sempre foi curioso. O desconhecido atrai-o. “Lobo Antunes diz ‘não entres tão depressa nessa noite escura’. Eu vou muito depressa para esse desconhecido e isso reflecte-se no meu trabalho”.
É possível “desenhar o vento, o cheiro da maçã, o aroma do charuto…Penso: Qual é o melhor material? Qual é a melhor maneira de desenhar? Qual é o melhor estado mental? No fundo as sensações são imagens mentais que mais ou menos se elaboram e que vêm do coração, da razão, vêm do lado mais calmo ou mais instável… Como se está nesse momento? Qual é a história de vida? Tudo isso influencia a imagem mental que se cria e vai ser processada pela mão. A mão é física mas ao mesmo tempo é afectiva. Com a mão se afaga uma criança, a nossa mãe ou uma mulher e tudo isso tem relações ou conexões com a nossa maneira de fazer. Quando mostro um desenho também mostro a maneira como o faço”.
Os seus desenhos não deixam o espectador indiferente porque “há coisas que não são faladas. A vergonha não é falada. Eu mostro essa vergonha que não é falada”.
Esta exposição está patente ao público no Palácio da Galeria até dia 8 de Março. O Palácio da Galeria está aberto de terça a sábado das 10 horas às 12 e 30 e das 14horas às 17 e 30.

Paula Ferro

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