Fevereiro 2008
(in "Geografias Variáveis" -
- Palácio da Galeria - Tavira)
“A arte é o lugar da liberdade perfeita”
André Suarés
André Suarés
Tenho a certeza que fiz a opção correcta

Os diálogos com Bartolomeu dos Santos fizeram-me crescer
O desenho e a pintura têm o poder do prazer e da comunicação
Patrícia Gonçalves nasceu em Tavira em 1982. A tendência para a arte foi algo que foi crescendo com ela. Desde pequena que gostava de pintar, desenhar, misturar materiais, criar formas. “Quando cheguei à adolescência havia quem dissesse que o meu interesse pela pintura e por todo este mundo artístico era algo passageiro. Isso fazia-me pensar” Sorriu. “Mas a verdade é que não me via sem estar neste meio”. Fez uma pequena pausa e ofereceu-me um sorriso iluminado. “Hoje tenho a certeza que fiz a opção correcta!”
Tem bacharel em Pintura e licenciatura em Artes Plásticas pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Trabalhou com Bartolomeu Cid dos Santos no seu atelier onde aprendeu técnicas de gravura. “Mostrei-lhe o meu trabalho e ele convidou-me para trabalhar no seu atelier onde aprendi imenso com as nossas conversas e as histórias que ele me contava”. Parou um pouco como quem volta atrás nas recordações “Os diálogos entre nós fizeram-me crescer”. Sorriu com o seu peculiar jeito de menina crescida “Eu mostrava-lhe o meu ponto de vista que nem sempre era coincidente com o dele e conversávamos, como iguais,” sorriu mais uma vez, parou e ficou com ar sério, como se tivesse dito algo que não devia “apesar de eu ter uma noção bem definida das distâncias”. Fitou-me séria de modo a não deixar lugar para dúvidas. “Respeito imenso o seu percurso e o seu estatuto de Mestre que me parece quase inalcançável, sobretudo porque estou ainda no início de carreira”.
Relativamente a gravura “ainda estou a explorar as potencialidades desta técnica. Faz-me lembrar um pouco o processo da fotografia. Colocando a chapa nos ácidos, pouco a pouco vão surgindo resultados e não se sabe o que vai sair dali, só depois da prensa é que sabe. Ou seja, imagina-se e cria-se com uma ideia inicial, mas o resultado final é diferente”. Sorriu com ar de catraia, “principalmente para mim pois é uma técnica que ainda não domino, e por isso ainda não sei calcular tempos para deixar a chapa nos ácidos”. Pequena pausa. “Mas posso dizer que tenho gostado dos resultados”.
Tem bacharel em Pintura e licenciatura em Artes Plásticas pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Trabalhou com Bartolomeu Cid dos Santos no seu atelier onde aprendeu técnicas de gravura. “Mostrei-lhe o meu trabalho e ele convidou-me para trabalhar no seu atelier onde aprendi imenso com as nossas conversas e as histórias que ele me contava”. Parou um pouco como quem volta atrás nas recordações “Os diálogos entre nós fizeram-me crescer”. Sorriu com o seu peculiar jeito de menina crescida “Eu mostrava-lhe o meu ponto de vista que nem sempre era coincidente com o dele e conversávamos, como iguais,” sorriu mais uma vez, parou e ficou com ar sério, como se tivesse dito algo que não devia “apesar de eu ter uma noção bem definida das distâncias”. Fitou-me séria de modo a não deixar lugar para dúvidas. “Respeito imenso o seu percurso e o seu estatuto de Mestre que me parece quase inalcançável, sobretudo porque estou ainda no início de carreira”.
Relativamente a gravura “ainda estou a explorar as potencialidades desta técnica. Faz-me lembrar um pouco o processo da fotografia. Colocando a chapa nos ácidos, pouco a pouco vão surgindo resultados e não se sabe o que vai sair dali, só depois da prensa é que sabe. Ou seja, imagina-se e cria-se com uma ideia inicial, mas o resultado final é diferente”. Sorriu com ar de catraia, “principalmente para mim pois é uma técnica que ainda não domino, e por isso ainda não sei calcular tempos para deixar a chapa nos ácidos”. Pequena pausa. “Mas posso dizer que tenho gostado dos resultados”.
O desenho e a pintura são testemunhos da vida

Não me parece que exista uma ‘definição universal’ do que é considerado arte
Tentar saber o que é a arte é uma questão complexa, “é tão complexa que leva sociólogos e filósofos a ocuparem-se dela e a desenvolverem imensas teorias. A arte está em constante reflexão intelectual. É repensada, redefinida, e muito trabalhada. Não tenho a ousadia de dar uma definição de arte”. Sorriu expressando humildade, “depois também não me parece que exista uma ‘definição universal’ do que é considerado arte. Para uns, algumas obras não são consideradas arte, já para outros são. Ou seja, com este paradoxo, parece-me que há necessidade de se saber primeiro o que poderá ser classificado como obra de arte” e o discurso flúi sem paragens. “Quais são as propriedades que levam a tal. Será que a obra para ser considerada uma obra de arte tem que estar no museu? É o museu que dá estatuto à obra? Têm que ser contemplada para ser arte? Quem poderá criar uma obra de arte? Quem é considerado artista? Quem considera que um determinado ‘trabalho’ tem estatuto para ser considerado de obra de arte?” Pequena pausa. “Poderia continuar com imensas questões. Parece-me que o mais adequado seria chegar a um consenso entre entendidos desta área. O que não me parece que seja possível”. Tanta divergência deve-se “talvez ao facto de o mundo estar em constante mudança e a arte ser o ‘espelho’ da vida. Sempre mudando. Isso faz com que as teorias sobre artes, mudem com ele”. Fez uma pausa, ficou séria e esclareceu, “quando iniciei o curso de artes plásticas, pensava que me ia ser dada uma definição de arte mas não.” Pausa. “O que é certo é que aprendi diversas maneiras de reflectir sobre arte, tive conhecimentos de várias teorias, problemas que surgiram ao longo dos anos, li opiniões de diferentes pensadores sobre este assunto. Mas apenas e uma única definição, não”.
O vidro permite que tudo seja visível tal como é
Utiliza várias matérias e materiais, mas os de maior destaque são o vidro incolor, por vezes água, luz e gesso. “A escolha do vidro e não de outro material, tem haver com a sua característica primordial, a sua transparência. Esta permite que tudo seja visível, que possamos ver além de... É um trabalho com uma mensagem de valorização pelo que é genuíno, o espontâneo, o verdadeiro. O vidro não consegue esconder, permite que tudo seja visível tal como é”. O branco do gesso também está associado à pureza. “Já em latim ‘puro’ tem um sentido material, que é puro o que é limpo, sem mancha, ou seja, sem nódoa”. Reflectiu um pouco. “Apesar de achar que a pureza, a nível do humano não existe. Mas, há sempre pessoas que não vêm o mal onde ele, de facto, não está. Pelo contrário, há muitas outras que vêm mal em toda a parte. Eu procuro valorizar o bom da vida, como uma espécie de ‘hino à vida’”.
As formas arredondadas são apelativas ao toque

A luz do dia, a luz emitida pelo sol, também é importante para a realização do seu trabalho. “A luz simboliza constantemente a vida e a felicidade, as minhas peças/instalações só vivem com luz. O vidro é um material reflectivo e absorve as energias da atmosfera em redor, envolvendo o meio onde se encontra e variando, consoante a hora do dia e até a estação do ano. Aproveito-me da luz inimitável para a realização das fotografias. A luz é o tema central das minhas fotos”.
Outra característica do trabalho apresentado nesta exposição, é o uso de formas arredondadas. “As formas arredondadas são apelativas ao toque ao passo que as pontiagudas, transmitem violência e agressividade” esclarece, “de modo geral é esta a razão da escolha das matérias e materiais para a realização do meu trabalho nesta exposição”.
Paula Ferro
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