Exposição de Fotografia com Poesia que esteve patente ao público no
Centro de Arte Contemporânea da Amadora
(Alfragide)
entre 19 de Julho e 26 de Agosto de 2008
O Fluir do Sentir
(partes)
O instante ocorrido na urgência do acaso
rasga-se agora.
Separam-se as carnes das carnes
gastas de amanhecerem juntas.
Mordem-se os sonhos consumidos na nódoa
a existência esculpe outra urgência de ser.
E a carência avoluma a pressa que a vida tem de renascer.
rasga-se agora.
Separam-se as carnes das carnes
gastas de amanhecerem juntas.
Mordem-se os sonhos consumidos na nódoa
a existência esculpe outra urgência de ser.
E a carência avoluma a pressa que a vida tem de renascer.
com sabores de adeus defunto.
Tudo se abastarda na lembrança.
O colo contorce-se na estranheza.
Aposenta-se o rosto das coisas.
E cresce um véu de cetim
entre o que se atrasa de ti e o que resta de mim.
Cansada dispo-me de tempos e sonhos gastos
já mastigados e saturados de uma certa espera.
Cobiço novas primaveras e reclamo o adormecer
no mais profundo habitar das águas.
Amanhecem vulcões no despontar da vida sedenta de vida.
A dor do desejo funde o pico do incêndio com a aragem serena nas tardes de estio.
E desgoverna-se a posse das carnes que latejam em cantoria ensandecida.
Uivam os segredos da posse das pratas
aninhadas atrás do luar.
Mistério de gozo pré-sentido
nos lábios de um desejo antigo
que desata a caminhar.
Sussurros de vento quente
abatem-se nas veias
desfraldadas em intenso rufar.
Luxúrias despertas
abrem as comportas à deriva do navegar.
Hasteiam-se as velas do corpo.
Animais vivos dentro das carnes
arrebitam sensações de desconforto
que confortam.
E impõem gestos, arrebatamentos...
À deriva jorram sensações
que se esvaem no sussurro de um lamento.
Uma loucura quente
como chama aberta em líquido morno
invade tudo o que é da gente.
Rolam certezas e convicções num chorrilho de gemidos e orações
decapitadas
desventradas de interesse
ai o consolo das carnes que na mente rebenta e por tudo se alastra
ai que nos vamos neste mar de coisas boas
que nos arranca a cabeça
e nós
sem força
para resistir…
Ai… que nos arrasta…
como chama aberta em líquido morno
invade tudo o que é da gente.
Rolam certezas e convicções num chorrilho de gemidos e orações
decapitadas
desventradas de interesse
ai o consolo das carnes que na mente rebenta e por tudo se alastra
ai que nos vamos neste mar de coisas boas
que nos arranca a cabeça
e nós
sem força
para resistir…
Ai… que nos arrasta…
O eu repartido em dois
o que quero e o que me assola
O que quero e o que não quero, querendo
E vem o olhar sobre o que dói,
o que é e o porquê
sobre o certo e o caminho
o que é e o que não é
do plano que se constrói
nas passadas que se dão
o que quero e o que me assola
O que quero e o que não quero, querendo
E vem o olhar sobre o que dói,
o que é e o porquê
sobre o certo e o caminho
o que é e o que não é
do plano que se constrói
nas passadas que se dão
venho inquietada de luz neste fim de tarde em estio
ancoro-me a uma poita antiga
e suspiro,
em paz comigo
trago aragens renovadas
e no peito
um bom amigo
Sem comentários:
Enviar um comentário