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atravessam as pedras gretadas
desta paisagem misteriosa
recantos encantados
escondem romances por acontecer
pousados na água
aparentemente adormecida
serenadas as espadas
as defesas dormem caladas
porque aquietadas se encontram já as dores
levantam pontas de um véu
soltam-se estilhaços de imagens
doutras realidades distantes
doutras viagens
soluços de plenitude
em liberdade resoluta
que numa imensa labuta
para poder contar outra verdade
que a vontade
consciente e assustada
tem medo de descobrir.
ganham forma e vida
em eterna transformação
no chão
que a gente pisa.
contradições ancestrais
por todo o lado acontece
a dureza da rocha
repartida
misturada
suavizada
pelo tempo a rolar quieto
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a vida que se renova e acontece
através do cadáver vegetal
que flutua
e cobre as águas
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a rocha traja-se de um imenso animal adormecido
com o rostoem sonhos celestiais pousado e perdido
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por vezes
os deuses
também passeiam à tardinha
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mantém-se
fazendo Arte
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como serpente pueril
corta
amarelos e verdes
em mistura primaveril
o céu que a terra bebeu
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quando a primavera acontece
as cores acordam e berram
em mistura de brancos, amarelos e verdes
numa melodia que entontece
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há singelos salpicos cor-de-rosa
neste renascer anual
e um mar de alfazema
espalha-se
às mãos cheias
pelo grito natural
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salpicados de luz residente
os montes ficam mais bonitos
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como se a passagem de um animal imenso
feito de terra
dividisse mundos
criando dentro do espaço
um espaço
para quem lê no espelho
das miragens
que têm contornos definidos
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