Al(mas) de Joana Vasconcelos no Palácio da Galeria.
A instalação é o novo caminho da Arte.

Nesta instalação podemos encontrar diversas salas com diferentes músicas, diferentes sons, aliados a iluminações adequadas ao diálogo dos objectos que nelas se encontram instalados. Instalar não é colocar objectos ao acaso. A instalação tem a ver com a colocação no espaço, a relação entre os meios. Todas as peças têm um jogo com a arquitectura, com a luz, com o som. Tudo isto forma um ambiente.
Duas das salas são inteiramente inéditas, uma delas representa os caranguejos da Ria Formosa. Peças ampliadas por Bordalo Pinheiro cobertas por renda. Três peças colocadas em cima de púlpitos com uma disposição específica, com uma determinada iluminação. “Se fosse apenas uma, no púlpito, seria uma escultura clássica.” Explica Joana. “O facto de serem três, de estarem dispostas de determinada maneira, com determinada luz é que faz delas uma instalação. Estas peças estão instaladas, não são só colocadas. Há toda uma relação.” Outro momento forte é a sala seguinte, as Algemas. “Algemas em espanhol quer dizer algemas e quer dizer mulheres. É interessante usar-se a palavra algemas também com o significado de mulheres.” Vai explicando Joana no seu ar tranquilo e despreocupado. “Estas mulheres estão presas aos seus homens mas esta peça não seria a mesma coisa se não estivesse ali aquela fotografia da senhora real também com as algemas. O real representado e o irreal verdadeiro. A imagem é do real e a realidade é uma imagem de…”. Outro momento forte é a sala onde se encontram as imagens de Nossa senhora de Fátima. Várias, de vários tamanhos, com uma iluminação em movimento enquanto na parede podemos ver passar um vídeo da viagem feita por Joana seguindo o percurso dos peregrinos a Fátima ao som do Bolero de Ravel e da música da Pantera Cor de Rosa. As Santas, todas agrupadas e arrumadas. A multiplicidade de objectos tão costumeiro em Joana Vasconcelos como demonstração da “estética de supermercado” representando em simultâneo o altar e a banquinha de venda. O religioso e o consumo no mesmo instante.
As “21 Maravilhas” outra sala inédita, apenas com a passagem de um vídeo de várias senhoras sentadas, sempre na mesma posição, fazendo renda, rodando, tendo como fundo algumas maravilhas de Portugal, como a Biblioteca de Mafra, o Palácio de Queluz, o Palácio da Pena, a Torre de Belém… Uma peça inacabada que gera a sala ao lado, A Valquíria, por isso também inacabada, toda em renda. A renda que as senhoras do vídeo estão pacientemente a fazer.
Esta exposição está patente ao público até dia 2 de Junho. De terça a sábado das 10 horas às 12 e 30 horas e das 14 horas às 17 e 30 horas. Vale a pena ir ver e ficar... a observar e a abrir outras formas de pensar.
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